terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para sonhar

Hoje eu descobri que tem suas vantagens morar num lugar onde ninguém curte muito gastronomia, eu comprei duas " revistas alta gastronomia", por $2,99 CADA!, no mercadinho aqui perto de casa...
E olhando pelas revistas eu li um texto que me fez parar, e de certa maneira me tirar um pouco do fôlego, pois eu  gosto mais de LER romances do que vê-los... Uma história curtinha, que envolve comida boa, olhares e dois corações.
Bom, agora chega de eu falar, vou lhes contar a história que me fez querer postar...

OLHARES...

Ela descruzou as pernas lentamente e cruzou-as de novo, mudando de lado. Era possível ver seu delicado movimento por baixo da mesa coberta pela toalha branca de renda. Do mesmo mode, com toda espontânea e impressionante feminilidade, ela levou o garfo até os lábios. Devagar, deslizou-o para fora e mastigou com prazer seu risoto de frutos do mar, ao ponto e suculento na medida exata. Ele, admirado, a tudo observava, tentando disfarçar seu encantamento. Inútil. Seu olhar voltava sempre ao mesmo lugar, à mesma mesa. Parecia sentir o sabor e a textura daquele risoto. Enquanto isso, seu filé ao ponto esfriava no prato, esquecido. Agora ela encostava à boca o macio guardanapo de pano, em pequenas batidinhas. Logo depois, os dedos longos e finos seguravam a taça de vinho com um quase acariciar. Um gole. Outro. E ele decididamente hipnotizado. A moça, de cabelos desalinhado, levemente corada e olhos bem escuros, parecia rir-se de seu mais novo admirador. Seriam tantos como ele imaginava? Por que, então, estaria jantando ali sozinha? Tão bonita, tão...
- Não gostou do filé, senhor?
O garçom, um insensível. Será que nunca sentira assim, uma paixão à primeira vista?
-Não, está muito bom, obrigado. Eu...
O rápido diálogo chamou a atenção da moça que antes comia distraída, quase ausente. Levantou a cabeça e olhou para o garçom. Logo em seguida para o homem do filé, que congelou (não o filé, mas o homem).
Corou, sentiu-se pálido e em brasa. Riu num reflexo nervoso. Que imbecil, pensou. Mas a moça sorriu também. Ela, satisfeita e leve. Ele, com fome e tenso. O garçom já sabia o que  fazer: ajeitá-los, os dois, numa mesma mesa. Trazer mais uma garrafa de vinho. Afinal, não seria a primeira e nem a última vez a presenciar cena parecida. Tinha experiência nisso. Sabia pressentir o inesquecível início das histórias de amor.
Evelyn Heine.

Uma boa noite para todos, e que restaurantes assim, aconteçam em suas vidas...
beijocas......